Mais um pouco sobre limiar aeróbico e anaeróbico, uma breve discussão...
- ursojos
- 12 de mar. de 2019
- 3 min de leitura
Por Prof. Especialista em Fisiologista do Exercício
José Eduardo Urso.

Para podermos falar em treinos usando os limiares aeróbico e anaeróbico, precisamos conhecer os conceitos sobre esses limiares, então resolvi fazer um breve resumo do assunto.
Mudanças no padrão das variáveis ergoespirométricas (frequência respiratória) durante um teste de esforço incremental permitem a identificação dos limiares metabólicos.
Sigo com uma explicação do Prof. Milton Nunes que define muito bem o contexto.
"O limiar anaeróbio ou aeróbio é o momento do início de um maior tamponamento, ou seja, é a intensidade do exercício onde começa a acumular íons H e lactato sanguíneo, alterando o pH e estimulando um incremento na ventilação. Este momento acredito que seja melhor chamá-lo de limiar aeróbio, pois existe o predomínio do metabolismo oxidativo aeróbio, sendo a intensidade mínima de treino aeróbio que a pessoa deve realizar.
O lactato é produzido tanto no repouso (pequenas quantidades) como no exercício, entretanto, a remoção do lactato pelos músculos cardíaco e esqueléticos inativos contrabalança a sua produção, o que previne o acumulo de lactato, porém quando a produção é maior que a remoção haverá um acumulo de lactato. O treinamento aeróbio produz adaptações celulares que aceleram os ritmos de remoção de lactato, fazendo com que o acúmulo ocorra somente em altas intensidades de exercícios.
Durante o exercício o lactato sanguíneo começa a aumentar exponencialmente em intensidades acima de 60% do consumo máximo de oxigênio em uma pessoa sedentária. A formação de lactato aumenta para níveis progressivamente mais altos em exercícios de alta intensidade quando o músculo ativo não consegue atender as necessidades energéticas com o predomínio do metabolismo aeróbio.
As pessoas condicionadas exibem um padrão semelhante de comportamento da curva de lactato, exceto para o ponto no qual o aumento de lactato no sangue se dá bruscamente. Este ponto brusco de aumento de lactato sanguíneo, conhecido como limiar de lactato sanguíneo (também chamado de OBLA- onset of blood lactate accumulation - início de acúmulo de lactato sanguíneo) acontece em intensidades mais elevadas nas pessoas condicionadas. Este momento acredito que seja melhor chamá-lo de ponto de descompensação respiratória, ou seja, o início da descompensação respiratória e metabólica.
A intensidade de exercício no ponto de acúmulo do lactato (limiar do lactato sanguíneo) consegue predizer enfaticamente o desempenho no exercício aeróbio auxiliando na prescrição do treinamento. Com isso, acredito que o mais coerente seria denominar o primeiro limiar ventilatório de limiar aeróbio e o segundo limiar ventilatório de limiar anaeróbio ou melhor, ponto de descompensação respiratória." Nunes Milton (2018)

Como podemos prescrever treinamentos com bases nestes parâmetros?
No ciclismo para poder utilizar esses parâmetros para elaborar treinos precisamos corresponder esses valores extraídos de um teste de ergoesperimetria com outros parâmetros tais como: potência e batimento cardíaco, e então utilizar e a potencia ou o batimento cardíaco para definir ao atleta em que condição você o quer treinar.
O treino consiste basicamente em estímulo, variação e adaptação fisiológica, sendo assim se você conhece os limiares metabólicos deve definir treinos com os objetivos que pretende alcançar, por exemplo, quer melhor a capacidade aeróbica do atleta, fazer com que ele consiga uma melhor adaptação para poder efetuar horas e horas de pedal, ou seja, deve treina-lo dentro de sua capacidade aeróbica, definir treinos e tempos com bases em potência ou batimento cardíaco mas na sua zona aeróbica.
Sabes que se você propuser treinos acima de seu limiar anaeróbico o tempo de estímulos não deve ser longo, pois ele esta utilizando metabolismo anaeróbico e esse por sua vez não consegue manter energia por muito tempo e também sabes que isso acidifica sua musculatura e leva a fadiga. Pense em efetuar tiros de intensidade com tempos de recuperação para poder eliminar o excesso de lactato e dar ao atleta nova condição de intensidade.
Agora quer melhorar sua capacidade anaeróbica efetue treinos no limiar anaeróbico, pois sendo esse é o melhor ponto para adaptações fisiológicas.
Fica aqui algumas dicas para podermos pensar melhor em estabelecer treinos a nossos alunos...
Obrigado
Biografia:
Denadai B. S. LIMIAR ANAEROBICO: CONSIDERAÇÕES FISIOLOGICAS E METODOLOGICAS; Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, V.1, N.2, pag 74 - 88, 1995.
Neto A. P & Junior J. S. CINÉTICA DA REMOÇÃO DO LACTATO SANGÜÍNEO DURANTE EXERCÍCIO PROLONGADO EM 70% E 100% DO LIMIAR DE LACTATO; Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.3, n.17, p.436-443. Set/Out. 2009. ISSN 1981-9900.
Nunes M; Avaliação Cardiopulmonar e Treinamento Físico, Editora Atheneu, maio 2018
Mattos P.R.O ; Pinto K.M.C; Silva S.F; IDENTIFICAÇAO DO LIMIAR ANAERÓBICO E DAS VARIAVEIS DE TREINAMENTO ENTRE CORREDORES E TRIATLETAS Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 2, p. 113-122, 2010 (ISSN 1981-6324)
Urso, J.E. Teste de limiar anaeróbico em ciclistas, qual protocolo usar, 1° Edição, Novas Edições Acadêmicas, Beau Bassin – Murícia, 2018
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